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21 de setembro de 2009

A soberba das notícias más

Factos são factos. Dados são dados. E se forem quantitativos, baseados em unidades passíveis de serem contabilizadas, operacionalizadas aritmeticamente são em princípio objectivos e, até mesmo, absolutos (a não ser que se defenda teorias hiper relativistas, como as que postulam que a soma aritmética de duas mais duas unidades não totalizam quatro unidades).
Esta afirmação inicial parece esotérica se tivermos em conta alguns dos dados (factos!!) jornalísticos que surgem nos mais diversos meios de comunicação social.
Para verem até onde pode ir este erro de perspectiva trago-vos um episódio de ontem... a determinada altura num dos telejornais e num dos inúmeros rodapés que tentamos acompanhar, ao mesmo tempo que 'engolimos' a descrição oral do jornalista e vemos as imagens produzidas para as diferentes peças (tarefa de complexidade cognitiva elevada, tanto mais que muitas vezes, estes três elementos em televisão podem ser totalmente dissonantes) apareceu: "OCDE: Em 2010 prevêm-se 650 milhões de desempregados em Portugal".
Fiquei especada a ver se na próxima 'aparição' o erro factual estaria corrigido. E não era a referência à fonte... a OCDE... que estava errada, não. Nem era o ano - 2010 - o que poderia tratar-se de um erro de digitação, não. Era sim o número de desempregados - 650 milhões???!!!???? Milhões??? 650??? Em Portugal??
Qualquer aluno no final do ensino básico deveria ser capaz de inferir a partir de um dado de caracterização tão simples, como o total de população de um país, que nunca poderia vir a existir um número semelhante a seis centenas e meia de milhões de portugueses desempregados em 2010 porque não chegamos a 11 milhões.
Como é que um jornalista não faz esta inferição? Como é que não põe em causa a grandeza dos números? Como é que não incorpora outra informação para a descrição dos factos de modo a que se evitem erros como estes?
Dirão: Era apenas um rodapé! Não era, não. Era uma má notícia, tratada a meu ver com a soberba das notícias negativas, quanto pior melhor, quanto maior a grandeza em tendências negativas melhor... talvez um pouco de raciocínio pudesse ajudar a produzir melhores notícias. Com factos e unidades quantitativas cuidadosamente apresentadas!

3 comentários:

  1. Então não seja mázinha... são só uns zeritos a mais.

    Só é pena que não haja enganos destes quando me depositam a reforma.
    RT

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  2. Pior são os erros que não o são... :)

    JL

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  3. é bom que se começe já a procriar como os chinocas...lollllll

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