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28 de setembro de 2009

Obviamente, abstenho-me!

Porque é que quase 40% dos cidadãos portugueses optou ontem por não votar numa das mais importantes eleições do nosso país?
Não choveu. Não foi feriado na sexta nem hoje. Não havia propostas iguais entre os partidos. Não vivemos tempos de grande prosperidade ou tranquilidade que fazem com que as almas inquietas se tornem em almas mais descansadas.

Havia mais de uma dúzia de partidos com propostas totalmente diferentes, desde a extrema esquerda à exterma direita, e para cerca de 4 milhões de cidadãos nenhum deles refectia as suas ideias, as suas preocupações, os seus objectivos para o país.

E ontem face a um resultado eleitoral totalmente válido, confortável do ponto de vista democrático - mas também, sem dúvida - de uma enorme responsabilidade, as análises e os comentários passaram rápido sobre uma das principais tendências dos últimos sufrágios (o aumento da abstenção) para se centrarem no "imenso problema" dos cenários para a composição governamental.

Mas houve um vencedor claro, não houve? Os regimes democráticos não são por essência plurais? Não são construidos a partir da capacidade de negociação, dialogo, compreensão dos pontos de vista do outro?

Então porque é que o principal problema era saber como atingir a maioria absoluta? Não será porventura muito mais preocupante que quase metade da população de um país não queira estabelecer um compromisso ideológico, que não queira estabelecer um vínculo de representação democrática que responsabilize os eleitos pelos seus actos.

Deixo esta interrogação: que resultados surgiriam se mais de 95% dos eleitores tivessem votado nestas ou noutras eleições? "os mesmos, claro", dirão alguns... outros afirmarão "obviamente, abstenho-me".

É esta a representação democrática que temos... em Portugal e na maioria dos países desenvolvidos... felizmente existe um Obama!!

2 comentários:

  1. Olá!

    Ouvi recentemente um comentário do António Barreto com que concordo e partilho: Qual é o limite no qual nos podemos ou devemos preocupar que aqueles que não votam podem colocar em causa a legitimidade da Democracia em si mesma?

    Como Anarquista que sou, votar para mim é um acto que julgo desnecessário. Mas sempre votei. Digamos que estou para o Anarquismo (Racional) como os Ovo-lacto-vegetarianos estão para os Vegetarianos puros. Voto, em minguém, mas voto. O "esforço" de cumprir um direito e um dever não o é representado na dimensão daqueles que lutaram para que tal fosse possível.

    Mas fica a questão do Barreto numa altura em que 40% da população na Europa (mais quando há referendos e coisas que quais) olha para o sistema como inválido ou não funcional, ou simplesmente, esperam que alguém decida por eles...

    Até breve.
    JL

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  2. Para a maior parte das pessoas, a democracia só interessa quando lhes bate à porta. Seja dando ou retirando o Rendimento Social de Inserção, Subsídios ou Subvenções, seja prometendo mais liberdades (veja-se Bloco de Esquerda, voto jovem e liberalização das drogas, por um lado, veja-se casamento homossexual, por outro).
    Apenas como exemplo, retratado no DN, o comentário de uma cigana numa arruada do CDS-PP "Não voto em si por que nos quer tirar o RSI". E por aqui estamos explicados...

    Infelizmente, num país em que poucos sabem governar a própria casa, menos ainda se preocupam com o governo do país. Depois, quem legitimamente se preocupa e pensa o seu país, fica atónito perante a abstenção crescente e pelo desinteresse quase generalizado perante uma questão que nos engloba a todos.

    Provavelmente mais atónitos ficaríamos se retirássemos aos "iletrados políticos" o seu voto.

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